Wednesday 5 October 2011

Engolir cobras

Hoje estava a lavar louça e pensava: "- O SAPO é um animal díficil de engolir. Prefiro engolir cobras!"

Saturday 26 March 2011

No baloiço do balanço


Entrevista do Público a Ingrid Betancourt, senadora que sonhava mudar a Colômbia, esteve 2321 dias refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) tendo sido resgatada em Julho de 2008.

“Em que é que mudou?… Vivemos numa sociedade que nos formata. Na selva tomei consciência de uma realidade muito diferente: uma pessoa não tem que ser o que não quiser ser. E isso implica um grande esforço,… implica uma pessoa enfrentar-se a si mesma e transformar-se. Quando digo que sou uma mulher diferente, isso é mesmo verdade, não tanto por considerar que consegui as mudanças que quis, mas porque me tornei consciente de que me fui transformando e que cada vez o consigo melhor.”

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Diário de bordo – dia em que decidi vir para Inglaterra (Jan 09). Cito
Há decisões que quando tomadas tem de ser enfrentadas.
Levo a preocupação comigo e na mesma mala a vontade de estar, sempre que de mim precisarem. Antes não precisem. Seja antes uma ocasião, acima de tudo um querer, a trazer-me de volta, e que a questão económica nunca me prenda.
“Agir, eis a inteligência verdadeira.
Serei o que quiser.
Mas tenho que querer o que for.
O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito.
Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?” Fernando Pessoa


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No baloiço do balanço (eu pergunto) em que é que mudei?
Preciso recuar no tempo, lembrar não todos os momentos, só aqueles que se foram entranhando em mim. Pela diferença, pela importância ou por razão nenhuma.
Somos feitos de histórias para contar.
A colocação jornalística do “em que é que mudou” é irónica, seria tão mais justo dizer em que é que nos mudaram. Era menina de vila, de sonhos comuns (alguns ainda alimento), e de princípios banais. Ainda que na hierarquia de prioridades a família continue em primeiro, a minha decisão de vinda teve tanto de rebeldia como de egoísmo.
Hoje conheço-me melhor.
Continuo sem saber o que realmente quero profissionalmente, porque sinceramente, descobri por outros o meu potencial. Mas, descobri o verdadeiro valor do dinheiro e tenho uma ideia das coisas realmente importantes na (minha) vida.

É tarefa de cada um organizar-se lá por dentro, olhar-se de fora e saber onde está a sua felicidade em determinado momento da sua vida.
Não ponham as lentes dos princípios do socialismo de Engels ou do capitalismo de Weber, não tenham vergonha se o vosso sorriso for maior a receber um iPod do que um abraço. A probabilidade dos dois acontecimentos é tão díspar que à luz da verdade, a minha reacção depende de onde me encontrar. Passo a explicar, se estiver a celebrar o meu aniversário com família e amigos iria adorar receber um iPod, mas se estiver a morrer na cama do hospital um abraço seria ‘música para os meus ouvidos’. O prescindir do iPod pela injusta estratificação das classes, isto é pelo sentido da palavra solidariedade é algo a não ser discutido aqui.

Ao ler Ingrid, os meus olhos brilharam.
Sou mais um fruto da sociedade contemporânea.
Uma sociedade que berra pelos seus direitos e que esquece os seus deveres.
Cabe a cada um de nós a pró actividade.
Permitam-me citar o discurso de tomada de posse de Cavaco Silva (sem manchar este texto com cores politicas).
Diz assim
“Os cidadãos devem ter consciência de que é preciso mudar (…) Eles próprios tem de mudar a sua atitude, assumindo de forma activa e determinada um compromisso de futuro que traga de novo a esperança às gerações mais novas. É altura dos Portugueses despertarem da letargia em que têm vivido e perceberem que só uma grande mobilização da sociedade civil permitira garantir um rumo de futuro (…) cada um tem de assumir as suas próprias responsabilidades.
Sonhem mais alto, acreditem na esperança de um tempo melhor. Acreditem em Portugal, porque esta é a vossa terra. É aqui que temos de construir um País à altura das nossas ambições (…) todos juntos, iremos vencer.”


Ao ler Ingrid,
(“…uma pessoa não tem que ser o que não quiser ser. E isso implica um grande esforço,… implica uma pessoa enfrentar-se a si mesma e transformar-se. Quando digo que sou uma mulher diferente, isso é mesmo verdade, não tanto por considerar que consegui as mudanças que quis, mas porque me tornei consciente de que me fui transformando e que cada vez o consigo melhor.”)

os meus olhos brilharam.
Sou mais um fruto da sociedade contemporânea.
O grande esforço que implica conheço em parte, sim transformei-me.
Mulher diferente não gosto, não me acho. Gosto de pensar que sou uma mulher normal. Sempre quis uma vida normal nos meus sonhos comuns.
Será essa que de uma forma ou de outra irei ter.
Será nessa que te darei um abraço, não em troca do iPod, sim em troca de um sorriso.

Monday 21 March 2011

Quem lê Paulo Coelho lê assim:



"Na magia - e na vida - existe apenas o momento presente, o AGORA. O tempo não se mede da mesma maneira q se calcula a distância entre dois pontos. O 'TEMPO' NAO PASSA. O ser humano tem uma gigantesca dificuldade em concentrar-se no presente; está sempre a pensar no que fez, em como poderia ter feito melhor, quais as consequências dos seus actos, porque não agiu como deveria ter agido. Ou então preocupa-se c/o futuro, o que vai fazer amanhã, que providências devem ser tomadas, qual o perigo que o espera à esquina, como evitar o que não deseja e como conseguir aquilo com que sempre sonhou.
(...)
O Momento presente está p/além do tempo: é a Eternidade. Os indianos usam a palavra "karma", à falta de algo melhor. Mas o conceito está mal explicado: não é o que fizeste na tua vida passada que vai afectar o presente. É o que fazes no presente que redimirá o passado e logicamente mudará o futuro."

Paulo Coelho, O Aleph, Fev 2011.